quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

MELQUIOR, BALTASAR E GASPAR

          Hoje é o dia dos santos reis! Já dizia o grande Tim Maia. Reza a lenda que a dois mil e dez anos atrás, tres reis partiram do oriente, guiados por uma estrela, até o local aonde estava anunciado o nascimento do salvador, o rei dos judeus, Jesus. Ofertaram ouro, incenso e mirra ao recém nascido, nascendo assim a tradição de se trocar presentes na noite de natal, ou em algumas regiões do planeta, no dia seis de janeiro, o dia dos santos reis.
          Da minha infância em Salvador na Bahia, guardo as mais alegres lembranças deste dia, quando a festa da Lapinha, bairro tradicional de Salvador, comemora o dia de reis, a partir da meia noite, com ternos , ranchos e populares cantando e dançando a noite toda. Como são reis, a sua simbologia está ligada à boa sorte e a fortuna e é costume se fazer várias simpatias neste dia para atrair prosperidade.
          Há mais de vinte anos, conheci o Augusto Machado, que era amigo de um amigo meu, e do qual nunca mais tive noticias. O Augusto é daquelas pessoas iluminadas, que passam pelas nossas vidas para nos ensinar coisas boas. Dentre as muitas delicadezas que guardei dele, uma pode ser simplória, mas guardo e repito religiosamente todos os anos, e como me foi dada de graça, repasso aqui para que sejam felizes como o Augusto com certeza é.
          Eu vivia numa pindaíba de dar dó, morando de favor na casa de amigos, fazendo contas para fechar o mes no azul. Aí o Augusto, em um dia de reis, me ensinou uma simpatia, dizendo que desde que ele começou a fazer a tal simpatia nunca mais ele tinha passado apêrto. E ela consiste no seguinte: pegue uma romã, parta ao meio, retire tres sementes, encha uma taça com vinho branco, e de posse das tres sementes e da taça de vinho suba em uma cadeira ( não ria que a coisa é séria). Chupe uma semente de cada vez, guarde o caroço e tome um gole do vinho dizendo com fé, "Melquior, Baltasar e Gaspar, tragam o meu dinheiro para cá", e bata tres vezes no bolso da calça ou saia que estiver usando, depois dê tres pulos ( a cadeira tem que ser forte e resistente ), depois de fazer issso tres vezes, guarde os tres caroços da romã em um papel virgem, branco, na sua carteira. No ano seguinte, coloque, os tres caroços numa planta, mato ou jardim e repita tudo de novo.
           Pelo sim pelo não, mal não faz e desde então, assim como o Augusto Machado, eu sempre paguei as minhas contas em dia, viajei o mundo todo, comprei minha casa própria e etc, etc. Feliz dia de reis para todos vocês.

Um comentário:

Unknown disse...

Caro Ricco,

Interessante a maneira que você narra as lembranças de Salvador. Isto me remete a Ernest Hemingway, que em seu livro "Paris é uma Festa", se refere a esse local, como uma cidade ambulante que levaria consigo onde quer que ele estivesse.
Abração,

Railton Santos