A primeira vez que eu vi o Gonzaguinha, foi em 1970, interpretando na TV, "Um abraço terno em você, ouviu mãe?", de sua autoria, na fase nacional do quinto Festival internacional da canção, no qual ele ficou em quarto lugar. Não sei porque razão, os meus ouvidos antenados desde sempre, registraram o "ouviu mãe" como "ouviu pai". Gonzaguinha se ajoelhva naquela parte do refrão e aquela imagem me impressionou para sempre. Revendo a letra daquela canção hoje, fica claro que é uma homenagem ao pai, com inúmeras reverências a obra do pai e talvez por isso meus ouvidos de criança atenta, registraram pai, e não mãe. Assistindo ao filme do Breno Silveira, "Gonzaga, de pai pra filho", fica ainda mais claro porque ele se ajoelhava, e engolia em seco o pai e abraçava a mãe, que morreu prematuramente e ele praticamente não conheceu. Criado pelos padrinhos, Gonzaguinha cresceu angustiado com a ausência física do pai e a aproximação dos dois só se deu quase no fim da vida de ambos, nos anos oitenta. Gonzagão morre em 1989 e Gonzaguinha um ano e nove meses depois. Tiveram tempo contudo, de se aproximar, de se perdoar e de ficarem amigos. O filme fala de busca e perdão e arranca lágrimas da platéia em vários momentos, de alegria e de tristeza. Gonzaga, poderia também se chamar, "de filho pra pai" e é um abraço terno em você, ouviu? Vá correndo assistir no cinema mais próximo da sua casa, porque a vida é curta e as vezes injusta, "mas isso não me impede que eu repita, é bonita, é bonita e é bonita", como o filme do Breno Silveira.
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