Eles nunca andam sozinhos. Geralmente são casais sem filhos, de meia idade, aposentados, que têm em comum além da solidão e da carência afetiva, uma sêde incontrolável de sugar a sua energia. Suas vítimas em potencial são artistas que trabalham na noite, tentando decolar uma carreira, geralmente uma carreira solo. Aí eles aparecem, sorrateiramente, simpáticos, tímidos, educados. Depois se derramam em elogios e se tornam a sua melhor platéia. Não faltam a nenhuma apresentação sua, filmam, fotografam, vasculham a sua vida nas redes sociais, oferecem carona, sabem onde você mora, comemoram todos os seus passos e se transformam em seus melhores amigos, sempre dispostos a dar a maior força. Aí começa a fase de convites para almoços, jantares, shows. Invariavelmente se oferecem para pagar a conta e quando você se dá conta, depois de meses ou anos de sonolência e muitas vezes, de dependência, eles estão sabendo da sua vida muito mais do que você. O interesse deles não é por sexo, o único interesse é sugar a sua energia e preencher o imenso vazio da vida deles. Quando você perceber que a sua vida não andou nem dez metros, ao contrário, que você vive cada vez mais desanimado e que tudo o que você faz dá errado, eles, assim como apareceram, desaparecem sem deixar rastro. Se você é artista, trabalha na noite, é sozinho, cuidado com os vampiros sociais, eles não são muitos, mas estão em toda parte, sedentos, agindo aos pares na calada da noite, sempre prontos para dar o bote.