segunda-feira, 1 de março de 2010

EU SIGO LHE ATIRANDO FLORES!

Tenho a mania de atirar flores, de fazer elogios aos que amo e nesse embalo, sou parcial, relevo erros, esqueço traições, perdoo. Porque quem ama perdoa. Por esta razão, o meu sofrimento foi imenso, todas as vezes que eu tive que deixar a cidade que eu amo, para faturar algum dinheiro com a minha música, já que na cidade amada, as minhas serenatas não valiam mais do que um tostão furado. E a mulher, amada ou não, gosta mesmo é de dinheiro, mais do que de flores até. Porisso, lá no estrangeiro, exilado do meu amor, eu fechava os olhos e via com saudade suas manhãs de maio e junho, o céu lavado de azul, como se Deus tivesse mandado fazer uma faxina por aqueles dias, fazendo com que o sol iluminasse a cidade com um filtro especial. E chorava por dentro, só de pensar na sua Lagoa, coração de um lugar cheio de vida, onde o seu povo nega a rendição e resiste com molejo, à violência que nela se instalou, devido ao seu crescimento desordenado e desumano. Pensava na sua floresta imensa, pulmão de um povo que respira às vezes com medo, às vezes com sossego, mas que respira sobretudo aliviado, ao se mirar no Corcovado e receber as bênçãos do seu Cristo redentor, que está lá, de braços abertos, como que a dizer, “eu te amo”. Eu te amo Rio de Janeiro! Carioca não sou de nascimento, mas como disse o poeta paraense Billy Blanco, “carioca é aquele que vem e fica por amor à cidade”. Eu vim pra você um dia, menino grande mijando nas calças ainda, e me enamorei de ti para sempre. Como um adolescente que beija na boca pela primeira vez, nunca mais te esqueci. E aqui estou, com os pés fincados no teu chão, porque tu és para mim o perfeito resumo desse país gigante. Toda a gente do Brasil se encontra no Rio. Toda a gente do mundo samba o teu samba. Rio de janeiro da Mangueira, da Portela, do meu Salgueiro, da Tijuca, da Mocidade Independente de Padre Miguel, que vai a qualquer lugar! Rio de Chico Buarque de Hollanda, de Tom e Vinícius, de Noel, Cartola e Braguinha, de Pixinguinha, Zeca Pagodinho, Tim, Benjor, Dona Ivone Lara e Beth carvalho. Rio de janeiro de Elza “suingue” Soares e Paulinho da viola! Rio de Nelson Cavaquinho, Assis Valente, Geraldo Pereira e de muitos outros cariocas, vindos de todas as partes do Brasil e que se renderam ao seus encantos, de Caymmi a Caetano, só para lembrar alguns baianos, como o André Filho, que te eternizou, ao te cantar como "cidade maravilhosa".  Rio de ‘Seu Ari “brasileiro” Barroso, o maior carioca de todos os mineiros. Rio de todos os poetas! De todas as letras! Drummond, Cecília, Clarisse e tantos outros que te bendigam. Rio de janeiro "da mulata e do futebol", de tricolores e rubro-negros, da cruz de malta e da estrela solitária. Rio de janeiro americano. Eu, que já visitei mais de cem cidades por esse mundo de meu Deus, posso dizer sem medo de errar, que não tem nenhum lugar neste planeta, mais bonito do que o meu Rio de janeiro, meu ponto de referência no mundo, para onde eu sempre voltarei. No dia do seu aniversário, desejo que São Jorge te guarde com a poderosa lança, enfrentando todos os dragões da maldade que pairam sobre ti, e que São Sebastião, continue a receber as flechas que lhe atiram e mesmo assim, siga te protegendo firme e forte. Eu sigo lhe atirando flores!

Um comentário:

Jana disse...

Que lindo, Ricco!! Que bela declaração de amor, em nome de todos nós, à maravilhosa e encantadora cidade do Rio de Janeiro. Mesmo com todas as suas mazelas. Hoje, entendo perfeitamente o que é esse "ser carioca". Me sinto assim, porque como vc, não nasci aqui, mas é o lugar que escolhi para viver, para crescer, para me desafiar, para amar...
Feliz aniversário, Rio!!!!!