terça-feira, 27 de abril de 2010

AREIA MOVEDIÇA


Funda e sem consistência
Ela vai engolindo os passos dos desatentos
E tragando os sonhos dos ansiosos.
Primeiro ela te agarra como uma teia de aranha
E te gruda pelos pés e não te larga
Caiu no meio Dela
Não se mova
Fique parado
Reflita
Segure a respiração
Talvez um Deus te ajude
A sair dessa situação
É como não saber jogar xadrez
Cada movimento
Um passo em falso
E você vai afundando
Passo a passo
Na areia movediça da paixão.
Depois que ela engolir os tornozelos
O resto fica mais fácil
Ela vai te engolir as batatas
Com coxa e tudo
Te lamber o umbigo
E o seu peito desnudo vai arfar
Pedir por socorro
Gritar!
Os braços estendidos
Tentanto agarrar a última chance
A misericórdia.
Aí ela te lambe o pescoço
E te puxa mais pra dentro
Engolindo os ombros
O queixo
A boca.
Nesse ponto
O que falta é pouco
Em um segundo
Lá se vão Nariz
Olhos e ouvidos
E ninguém nunca mais
Vai poder te escutar
Nem te pegar pelos cabelos
A partir daí
É o fundo
O nada
A escuridão
Até que você acorde
Já era!
Engolido até o talo
Pela areia movediça da paixão.

Nenhum comentário: