sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

TODAS AS VEZES QUE EU MORRI

De Ricco Duarte
TODAS AS VEZES QUE EU MORRI

Todas as vezes que eu morri
e foram muitas as vezes
ninguém chorou por mim
nem mãe
nem mulher
nem filho
nem irmão
amante
ou amigo
choraram a minha morte
no silêncio das madrugadas
no alvoroço do amanhecer
na tristeza dos fins de tarde
e no mistério do anoitecer
que é quando a natureza
muda a guarda
os anjos se recolhem
os pássaros se calam
e os homens revolvem as almas
por isso talvez eu siga morrendo
até que haja um enterro
com lágrima
saudade
e vela
para que eu possa 
partir sem medo

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