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quinta-feira, 1 de maio de 2014

SILÊNCIO, ESTAMOS HÁ VINTE ANOS SEM AYRTON SENNA DA SILVA

Domingo, primeiro de maio de 1994, acordo tarde, de ressaca da noitada anterior e pulo da cama apressado, pois estava atrasado para encontrar os amigos e assistir provavelmente, a primeira vitória do nosso campeão naquela temporada. Corri para o banheiro, lavei o rosto, e com a escova de dentes na mão, estranhei o fato dos meus “mui amigos” sequer terem telefonado para me acordar. Escovando os dentes liguei a televisão da sala, xingando cada um deles por me deixar dormir até tarde e perder o compromisso, pois àquela hora a corrida já deveria estar acabando. Voltei ao banheiro para terminar de escovar os dentes, quando escutei o locutor dizer: “A notícia que eu não gostaria de dar, morreu Ayrton Senna”. No primeiro momento eu pensei, eu também não gostaria de ouvir essa notícia, até que ainda meio dormindo, meio de ressaca, fui me dando conta da situação. O locutor da Rede Globo, engolindo o choro, seguia com o seu comentário. Lavei o rosto pensando, isso deve ser pegadinha. Voltei para sala e fiquei ali paralisado por uns trinta minutos, olhando para aquelas imagens, esperando que em algum momento, alguém interrompesse o locutor e desmentisse a notícia. O silêncio mortal que vinha das ruas barulhentas de Copacabana me chamou a atenção. Fui até a janela e vi um carro passar com uma bandeira do Brasil e uma fita preta, em sinal de luto, amarrada à bandeira. Só então a ficha caiu e eu desabei num choro que durou pelos vários dias que se seguiram àquele domingo. Chorei como toda a nação chorou a perda do seu maior ídolo e ainda hoje, 20 anos depois, me emociono ao lembrar daquele domingo, dia do trabalho, em que nós perdemos o nosso maior trabalhador, o cara que levantava a nossa estima aos domingos, para que a segunda feira fosse mais alegre. Desde então nunca mais assisti a uma corrida de Fórmula 1. Silêncio, estamos há vinte anos sem Ayrton Senna da Silva.