O feriadão foi chuvoso em quase todo o país, mas isso não foi impedimento para que quase todo mundo viajasse, para curtir aqui e ali, o feriado prolongado, que é uma das coisas que o brasileiro mais gosta, depois do samba, do futebol e de reclamar. E nós aqui nas redes sociais como tolos, bradando praticamente para as paredes, tentando fazer aquela que seria a maior manifestação de todos os tempos. Não deu. No Rio de janeiro foi constrangedor ver menos de cem pessoas vestidas de preto e dois patetas fantasiados de heróis de filme americano, protestando contra a corrupção, como se estivessem em uma parada gay. Passei por eles batido e voltei para casa com um sentimento de frustração. O sentimento aumentou ao ligar a televisão e ver que o mesmo aconteceu em todo o país. Dilma mandou erguer o muro em Brasilia, com medo dos manifestantes, mas não foi preciso. Uma meia dúzia de verdadeiros patriotas estavam na Esplanada dos Ministérios, com as suas colheres de pau, seus pixulecos gigantes, como se fosse uma ala atrás da alegoria de uma escola de samba. Aliás, quem patrocina esses pixulecos? O povo da mortadela que nunca tem, nem nunca vai ter dinheiro para viajar, foi aplaudir tranquilamente a corrupção e a impunidade, que deveriam ser oficializados como lema da nossa bandeira, ainda verde amarela, no lugar da ordem e do progresso. No final, alguns vermelhos bateram boca com os poucos patriotas que insistem em sair às ruas e enquanto isso acontecia, o Palácio do Planalto sorria de canto de boca, convencido de que o brasileiro quer que tudo termine em pizza.