BRASÍLIA FICOU EM CHAMAS

As centrais sindicais organizaram um protesto contra o presidente Temer e a capital federal pegou fogo. No confronto com a polícia, sete pessoas foram presas, 49 ficaram feridas e um rastro de depredação, com direito a incêndio em um dos Ministérios, marcou o dia, que só não foi pior, porque as forças armadas foram convocadas para conter os distúrbios. Brasília ficou em chamas.

ROUBAR O PAÍS A VONTADE PODE

Eu só queria entender que tipo de gente é essa que sai às ruas, a maioria escondendo a cara, para protestar contra um aumento de trinta centavos nos transportes públicos (40 centavos no Rio de Janeiro), enquanto uma República inteira está há anos, sendo roubada escancaradamente pelos governantes, que desviam dinheiro da saúde, da educação, da infraestrutura, matam pessoas de fome e eles não fazem nada. E os aumentos de combustíveis, da conta de luz, dos alimentos? E os escândalos de corrupção do governo? Quem patrocina essa escória, que depreda o patrimônio público por causa de centavos e deixa o país ser roubado a vontade sem fazer nada?

UMA ORQUESTRA AFINADA DE PANELAS

Depois do jantar, deitei na rede como de costume, para esperar a hora do Jornal, conforme combinado pelas redes sociais, mas fui traído pelo sono e quando estava na melhor madorna, fui despertado por um barulho estrondoso de panelas, apitos e gritos de protesto. Acordei assustado e até a ficha cair do que estava acontecendo, só deu tempo de pegar colher e panela e ir pra janela protestar mais uma vez. Pois é, os brasileiros deram mais uma vez o recado. Basta de mentiras, de hipocrisia, de manobras nefastas, de descaso com o dinheiro público, basta de urnas eletrônicas e de ser roubado. Todo o país, incluindo o nordeste, que eles compraram com a bolsa miséria, não aguenta mais esses petralhas de uma figa. Ontem tiraram a marionete que se finge de presidente e colocaram o cacique, chefe da quadrilha, para falar e o que se viu foi, de norte a sul, de leste a oeste, uma orquestra afinada de panelas.

NOITE ANTIQUÍSSIMA E IDÊNTICA

Vem, Noite antiquíssima e idêntica,

Noite Rainha nascida destronada,

Noite igual por dentro ao silêncio. Noite

Com as estrelas lantejoulas rápidas

No teu vestido franjado de Infinito.

Com esses versos de Álvaro de Campos, Cleonice Berardinelli e Maria Bethãnia, abriram a noite em homenagem a Fernando Pessoa, na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP). Uma noite, onde a leveza dos versos de Pessoa, suavizou por alguns instantes, a aspereza da vida e dos protestos que se espalham pelas ruas do mundo, do Cairo a Paraty.