quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A PENSÃO DA TIA MARIA

Em tempos de lei sêca, o brasileiro se vira como pode. Eu bebo palavras mas também bebo minhas cervejinhas, principalmente antes de uma partida de futebol. Mas agora existe uma lei que proíbe a venda e o consumo de bebidas alcoolicas, duas horas antes dos jogos no Maracanã, num raio de duzentos metros no entorno do estádio. Ontem, o jogo foi contra o Palmeiras e quando eu desembarquei na estação do metro já estava morrendo de sede. Eram oito e dez da noite e o jogo começaria as dez, portanto a venda de cerveja já estava suspensa. Até que perguntando aqui e ali, alguém me indicou a pensão da tia Maria, na rua tal etecetera e tal. Passei pelo portão da tal pensão duas vezes sem desconfiar que era ali que se vendia cerveja, quando resolvi perguntar ao senhor que estava na porta se ele conhecia a tal pensão, ele sorriu amarelo e me disse que era ali mesmo, mas não havia me dito antes porque pensava que eu era fiscal. Nesse momento chegam dois tricolores uniformizados cumprimentam o senhor  e entram na casa na maior intimidade. O senhor então falou prá mim, vai lá, é lá nos fundos. Para se chegar aos fundos passa-se primeiro por uma sala e depois, por uma passagem lateral, chega-se a um corredor estreito e escuro. Cheguei a pensar que fosse uma boca de fumo, mas não, o corredor desemboca em um pátio ao ar livre, onde outros tricolores já estavam as escuras, bebericando a suas cervejinhas e beliscando os pasteizinhos da Tia Maria, uma senhorinha muito simpática mas flamenguista. Me juntei àquele grupo clandestino e em poucos minutos o local estava repleto de tricolores, felizes, como se fossemos adolescentes subvertendo a ordem paterna. Isso mesmo, nunca pensei que a esta altura do campeonato eu teria que beber escondido. Depois de matar a sede fui ao jogo com a minha cara de fiscal da prefeitura, devidamente abastecido de cevada, ver o Fluminense mais uma vez decepcionar a sua fanática e linda torcida, cedendo o empate nos acrécimos da partida. Ainda bem que a Tia Maria, salvou a noite com suas cervejinhas geladissimas  e seus pastézinhos feitos na hora, pois o time do flu estava mais para um bando saído da casa da mãe Joana. 

Um comentário:

Jana disse...

Amei, putz queria muito ter ido. Que delícia de história, bem que a gente podia ter descoberto ti maria no domingo.