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quinta-feira, 24 de julho de 2014

2014, 0 ANO DA MORTE

Morre gente todo dia, no hemisfério sul, no hemisfério norte. Morre gente de tristeza, de alegria e até por falta de sorte, mas nunca se viu tanta gente boa morrendo como neste ano da graça de 2014, que tem levado famosos e anônimos, adultos e criancinhas, deixando a vida mais tristinha. E ainda estamos no meio desse ano mortal, que levou de uma só tacada, atores, cineastas, cantores e escritores, cada um na sua área, um talento magistral. Assim a morte levou de repente, Nelson Ned, Eduardo Coutinho, Gabriel Garcia Marquez, o ator americano Philip Seymour Hoffman, Paulo Goulart, José Wilker, Jair Rodrigues, Ivan Junqueira, João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e ontem, Ariano Suassuna, que sem espanto dizia: “Tudo que é vivo morre”. E ela em 2014, não se esqueceu de levar os locutores de rádio e televisão. Em pouco mais de um mês, parou o coração de Luciano do Valle, Maurício Torres e o Doutor Osmar de Oliveira, que eram homens do esporte, e como ela não poupa ninguém, levou também jogadores. Primeiro foi o Euzébio, depois Bellini, o primeiro a erguer a taça de campeão, e pra não morrer de tristeza com o futebol da nossa seleção, ela levou antes da Copa, o nosso querido Fernandão. Lá em fevereiro ela levou Santiago, o grande cinegrafista, que causou enorme comoção. Morre gente todo dia, em liberdade ou na prisão. Em Israel e na Palestina, onde a guerra por Deus vai seguindo a sua sina, morrem homens e mulheres, meninos e meninas. Na Russia então nem se fala, que quer parte da Ucrânia de volta, e pra isso se for preciso, derruba até avião, repleto de inocentes, pois com apenas um tiro, calou a vida de 298 pessoas para sempre. Dentro daquele avião havia gente com a vida começando e gente que salvava as vidas da gente. E ainda citando Ariano, a nossa perda mais recente,  porque a morte não há quem vença, assim ele também, "cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo que é vivo morre". E eu acrescento, que mesmo aquele que está nascendo agora, ela não perdoa, escolhe a hora e abotoa, e nos faz ter a certeza de que estamos entregues à própria sorte, pois sem dúvida 2014, é o ano da morte.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A CASA DE MACONDO ESTÁ VAZIA


Eu tinha uns treze anos quando li "Cem anos de solidão". Certamente não era uma leitura para um garoto daquela idade, mas eu que já era visto como um menino esquisito, selei ali, inconscientemente, o meu destino solitário. Não casei, não tive filhos, sou avesso à convivência diária com humanos, gosto de ficar só. A casa dos "Buendía", em Macondo, um povoado imaginário, solitário e isolado, tomei como se fosse minha, imensa e cheia de personagens que sempre estão de passagem, contando suas histórias. Fiz daquela casa o meu mundo, imenso e cheio de fantasias. Anos depois descobri que o autor daquele romance "kafkiano", o grande Gabriel García Márquez, Prêmio Nobel de literatura, era pisciano, nascido em seis de março, assim como eu. Ontem Gabriel parou de escrever e foi se encontrar com o nada, pois como comunista convicto que era, certamente deveria ser ateu, mas provavelmente um ateu "graças a Deus", já que para nós piscianos, a existência do criador será sempre uma grande dúvida, e na dúvida, é melhor acreditar. A casa de Macondo agora está vazia, para sempre, e os "Buendía" estão orfãos do seu criador. Obrigado Gabriel.