Nas eleições de 2014, o país ficou dividido e magoado. Lembro bem da então Presidente, dizendo o que o seu opositor iria fazer, caso ganhasse as eleições. Ela disse que ele iria subir os juros, gerar desemprego, aumentar a inflação e esconder toda a sujeira debaixo do tapete. Aí veio a apuração a portas fechadas e até quem votou nela, ficou com a pulga atrás da orelha. Naquele momento, a sujeira resolveu por conta própria e pela força das instituições, que ainda funcionam, sair debaixo do tapete de vez. Desde então, todos os dias se vê um escândalo novo de corrupção e roubalheira, um mar de lama que parece não ter fim. Não por acaso, na sequência desses fatos, a lama de Mariana desceu, destruindo tudo que encontrou pelo caminho, como um aviso ou confirmação, do que eles fizeram com o Brasil. Isso me faz lembrar dos versos do Maestro Tom Jobim em “Águas de março”, que nunca foram tão atuais e tão parecidos com o Brasil de agora: “É A GARRAFA DE CANA, O ESTILHAÇO NA ESTRADA, É O PROJETO DA CASA, É O CORPO NA CAMA, É O CARRO ENGUIÇADO, É A LAMA, É A LAMA.
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sábado, 5 de dezembro de 2015
É A LAMA, É A LAMA
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terça-feira, 24 de novembro de 2015
ACABOU-SE O QUE ERA DOCE
"NÓS PRECISAMOS SER SALVOS DE NÓS MESMOS" (David Zee) |
Em entrevista à Globo News, o cientista e oceanógrafo David Zee afirmou que as obras humanas estão cada vez maiores, que não se preocupam com o meio ambiente e que nós, precisamos ser salvos de nós mesmos. Zee disse ainda, que a destruição da fauna e da flora no percurso por onde a lama da Mineradora Samarco passou, levará décadas para ser reparada, pois uma vez que o Rio (e agora o mar), foi “colorido”, essa coloração impede a entrada da luz, que é o combustível da biodiversidade, ou seja, não só mataram o Rio, como tudo que está à sua volta. Resumindo, acabou-se o que era doce.
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
A PROFECIA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Imagens do Rio Doce em Colatina, Espírito Santo, antes e depois da tragédia. |
O Rio? É Doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga
Entre estatais e multinacionais
Quantos ais!
A dívida interna.
A dívida externa.
A dívida eterna.
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
(Carlos Drummond de Andrade)
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
MARIANA
De Ricco Duarte
MARIANA
A cidade que o mundo inteiro ama
A morte nos ronda como uma meretriz
Seja no Brasil ou na França
Mas bem distante dali
Coberto por um mar de lama
Chora um rio que já foi doce
Morto pela insanidade humana
Que também matou Bento
Marcos, Waldemir, Joana
Claúdio, Emanuelle, Sileno
Os peixes, as frutas, as plantas
Chora o mundo por Paris
E o coração do Brasil sangra
A morte não nos pegou por um triz
Mas acertou em cheio Mariana
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