UM CARNAVAL DESASTRADO

Imagem do segundo carro da Tijuca, cuja parte superior desabou no início de desfile

Os carnavalescos daqui para a frente, vão ter que repensar os seus projetos de carro alegórico. Além do acidente ocorrido com um dos carros da Tuiutí no primeiro dia dos desfile, ferindo dez pessoas, no segundo dia, a coisa foi um pouco pior. Um carro gigantesco da União da Ilha sofreu uma pane elétrica e ficou parado no início do desfile, fazendo com que a escola abrisse um buraco gigantesco, que certamente lhe custará pontos preciosos. Duas horas depois mais um acidente, no mesmo lugar dos anteriores. A parte superior do segundo carro da Unidos da Tijuca, desabou, ferindo 16 pessoas, duas delas em estado gravíssimo. Definitivamente, para essas três escolas, esse foi um carnaval desastrado.

ESPERANDO A VOZ DO SAMBA PRA BRINCAR O CARNAVAL

Aquele que é considerado o maior espetáculo da terra, já começou. O desfile das escolas de samba do grupo de acesso não fica muito a dever ao grupo especial, que acontece a partir de domingo. Com transmissão da Globo há quatro anos, as escolas capricham cada vez mais, para subir para o grupo de elite. Ontem dois desfiles me chamaram a atenção, a homenagem da Porto da Pedra ao Palhaço Carequinha e a Viradouro, com um belíssimo samba, clamando pela tolerância religiosa. O fato é, que mesmo com a economia em  crise, a criatividade do brasileiro mostra a sua força, naquela que é a festa mais popular do planeta e aproveita para dar o seu recado. Pensando nisso, lembrei de um dos mais belos versos que a Sapucaí já cantou. Foi um samba da União da Ilha no desfile de 1993 que dizia assim: "A NOSSA ATRAÇÃO PRINCIPAL / É O POVO QUE ESTÁ NA CORDA BAMBA / ESPERANDO A VOZ DO SAMBA / PRA BRINCAR O CARNAVAL". Que assim seja.

O INIGUALÁVEL MILTON CUNHA

Este ano não fui para avenida, fiquei em casa quietinho vendo pela TV e pelo site G1, o mais equilibrado desfile das escolas de samba do grupo especial de todos os tempos, cujo destaque foi o carnavalesco e comentarista da Globo, Milton Cunha, que recentemente lançou um livro contando a sua trajetória de 25 anos como caranavalesco. Com seu humor ácido, Milton nos divertiu com comentários que viraram instantaneamente, memes na internet. Milton, que também desfilou, como espelho da rainha má, na União da Ilha, quando a imagem dele aparecia em uma tela que simbolizava o espelho, ao se ver na avenida, não deixou passar batido dizendo:"Eu que sempre quis ser rainha, terminei como espelho". Tratando os seus colegas de bancada de amadas e amados, o amado Milton Cunha foi o show, disse que queria tocar prato na bateria porque quem toca prato "dá pinta horrores",  e que ele era a perfeição para escolher a mais linda. A escola campeã será conhecida amanhã, mas o campeão dos comentários, foi sem dúvida, o inigualável Milton Cunha.

OUTUBRO, O MÊS DE VINÍCIUS DE MORAES

Neste mês de  Outubro, estamos comemorando o centenário do Vinícius de Moraes, o poeta que amou demais. Nascido no Rio de janeiro em 19 de outubro de 1913, Vinícius foi diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor. Casou nove vezes, teve mais de trinta parceiros musicais, sendo Carlos Lyra, Edu Lobo, Toquinho, Chico Buarque, Baden Powell e Tom Jobim, os seus parceiros mais frequentes. Com Tom Jobim escreveu inúmeros sucessos da bossa nova,  o maior deles é "Garota de Ipanema", a segunda canção mais gravada e executada no mundo inteiro. No teatro, se tornou popular ao escrever a peça "O Orfeu da Conceição", que ganhou versões para o cinema, a primeira delas, do diretor francês Michel Camus, ganhou a Palma de Ouro no Festival de cinema de Cannes. No carnaval de 2013, a Escola de samba União da Ilha do Governador, do Rio de janeiro, homenageou o poetinha com o enredo "Vinícius, paixão poesia e carnaval". Vinícius de Moraes viveu intensamente e bebeu a vida até última gota, portanto vamos brindar ao Vinícius, publicando durante este mês, canções, frases e versos do maior poeta da música popular brasileira.

AINDA SOBRE O CENTENÁRIO DE VINÍCIUS

Acabo de participar de um sarau na Estação das letras no Flamengo, onde um grupo de jovens atores recitou Vinícius magistralmente. A Estação estará também promovendo o curso especial "Para entender Vinícius" dias 28 e 30 de janeiro e o1 de fevereiro, das 19 as 21 horas.

Hoje a noite, a partir das 22 horas, na quadra da União da ilha do governador, ensaio com a presença da família "de Moraes", Toquinho, Carlos Lyra e Helô Pinheiro, a eterna garota de Ipanema. Saravá!

A FALTA DE INSPIRAÇÃO DOS SAMBAS ENREDO DE 2013

Já vai longe o tempo em que os sambas de enredo das escolas de samba do Rio de janeiro ficavam na história. Em 2013 a coisa vai estar prá lá de chata, e a chatice já começa na escolha do enredo. No rastro dos enredos patrocinados vai ter escola que vai homenagear a super animada Coréia do sul e a cheia de molejo Alemanha, vai cair no samba da Unidos da Tijuca. A Mangueira vai homenagear Cuiabá e levará para a avenida o pior samba de todos os tempos, que já começa assim: "Dai-me inspiração oh pai!". O resto do samba faz jus a primeira sílaba da cidade homenageada. A Mocidade vai falar do Rock in Rio, a Imperatriz falará do Pará e até o "Pré sal" vai cair no samba lá na Grande Rio.  O cavalo também será homenageado, na Beija Flor, cujo o samba é uma repetição do que a escola sempre apresenta. 

A querida União da Ilha escolheu o melhor enredo, e homenageará Vinícius de Moraes no ano do centenário do poeta, mas o samba escolhido deve estar fazendo o Vinícius se revirar na tumba. A super simpática São Clemente, falará das novelas da Rede Globo e optou por juntar dois sambas concorrentes, o que resultou em uma parceria de sete compositores, coisa normal no mundo do samba. O curioso é que apesar de batido, o resultado final tem apelo popular e pode até funcionar na avenida. 

Salvam-se portanto os sambas da Vila Isabel, do Salgueiro e o  bonito samba da Portela. A Vila "canta o Brasil, celeiro do mundo" e a parceria de Martinho da Vila com Arlindo Cruz deu super certo, o samba ficou redondo e vai levantar a avenida. O meu Salgueiro trará o enredo "Fama" e o Marcelo Motta e parceiros acertaram a mão mais uma vez, com um samba cheio de suíngue, que se não chega a ser genial é pelo menos diferente da mesmice dos demais. A Portela fala de Madureira, terra de bambas e não poderia errar, Wanderley Monteiro e parceiros mandam "abrir a roda que chegou Madureira e a poeira já vai levantar".  Certamente um desses três sambas levará o Estandarte de ouro, mas ainda estão longe de entrar para história.