Como todo povo colonizado, nós brasileiros, temos a mania de valorizar o que vem de fora. Conquistas isoladas em alguns setores, levantam aqui e ali a estima de um povo, que como dizia Nelson Rodrigues, tem complexo de vira latas. Para se fazer sucesso e ser aceito no Brasil, temos que primeiro, fazer sucesso lá fora. Foi assim com a Bossa Nova (que continua fazendo sucesso somente lá fora), foi assim com o cinema nacional, que a despeito de prêmios conseguidos em festivais europeus, nunca conseguiu se firmar dentro de casa. No futebol, não é diferente e um fato me chama a atenção. Em 12 anos conseguimos três títulos mundiais (58, 62 e 70), com cem por cento dos jogadores atuando no Brasil. Depois da conquista do "Tri", começou a debandada, e levamos 24 anos para sermos campeões outra vez (1994), com a grande maioria do nossos jogadores jogando em clubes estrangeiros. É lógico que o futebol mudou, o que não mudou foi a mentalidade brasileira, de que o nosso talento natural para tudo, só melhora se formos nos aprimorar no exterior. Ganhamos cinco campeonatos do mundo de futebol em terras estrangeiras, e nunca nos recuperamos do trauma de termos perdido uma Copa em casa (1950). E agora, quando temos a chance de sediar outra vez, o maior evento futebolístico do planeta, a roubalheira declarada do envolvidos na organização do evento, faz com que o povo, que sempre celebrou as Copas, enfeitando as ruas do país, vestindo as cores da nossa pátria e batendo no peito com orgulho por sermos penta-campeões do mundo, virasse as costas para a Copa das Copas, como quer a nossa presidente. Dos 23 convocados, apenas seis jogam em clubes brasileiros. Boa parte dos jogadores são ilustres desconhecidos da maioria dos torcedores, e por mais que os patrocinadores oficiais se esforcem, está difícil animar a galera para a maior festa do futebol mundial, desta vez aqui, no país do futebol. Se vamos conseguir o hexa não sabemos, o que sabemos é que aqui no Brasil, santo de casa não faz milagre.