domingo, 31 de janeiro de 2010

SALVE A BANDA DE IPANEMA!


          Em março de 1964, logo após ao carnaval, as forças armadas, tomaram o poder e a ditadura militar governou o país por mais de vinte anos. No ano seguinte, 15 dias antes do carnaval, em Ipanema, Rio de janeiro e alto-falante desta nação, foi criada a Banda de Ipanema, como o primeiro grito de rebeldia, àquela ditadura que proíbia tudo, principalmente o livre direito de expressão de um povo. Foi-se a ditadura e a banda de Ipanema continua mandando no pedaço, abrindo oficialmente o carnaval de rua do Rio e porque não dizer, do Brasil.
          Mais uma vez, dezenas de milhares de cariocas de todas as partes do mundo, saíram pelas ruas do bairro mais charmoso do Rio, para esbanjar alegria e celebrar a nossa festa maior, o carnaval. Homos, heteros, "bis", "trans", "pans", jovens, velhos, crianças, gente de todas as cores e tribos, cantaram e dançaram ao som de antigos e eternos sambas e marchinhas, numa demonstração única de democracia e civilidade. Salve a Banda de Ipanema, no seu quadragésimo sexto desfile! Que seja assim para sempre e que a alegria reine entre nós até a quarta feira de cinzas. Evoé!




sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

NO CLARÃO DA LUA

Letra e música de Ricco Duarte
gravada nos cds "Tudo é música"e "Menino buliçoso"

NUMA DESSAS NOITES DE UÍSQUES
BEIJOS E BOLEROS E OUTROS AIS
ONDE O CORAÇÃO DANÇA TWIST
SAMBANDO BONITO E TCHÁ TCHÁ TCHÁS
NUMA NOITE DESSA
NO CLARÃO DA LUA
REFLETIDO NO TEU OLHAR
TAVA FRIO A BEÇA
E EU SOZINHO NA RUA
PROCURANDO SEM ENCONTRAR

NUMA DESSAS NOITES DE IR A PIQUE
DE IR BATENDO FORTE DISPARADO
ENTRANDO NA CURVA A CENTO E VINTE
COMO UM LOUCO DESESPERADO
NUMA NOITE DESSA
NO CLARÃO DA LUA
REFLETIDO NO TEU OLHAR
TAVA FRIO A BEÇA
E EU SOZINHO NA RUA
PROCURANDO SEM ENCONTRAR


NUMA DESSAS NOITES VÍDEO CLIP
NOITES DE ALAMBIQUES E TUDO O MAIS
BEBENDO BOLEROS E UÍSQUES
SEM QUERER SABER DE MAIS NADA
NUMA NOITE DESSA
NO CLARÃO DA LUA
REFLETIDO NO TEU OLHAR
TAVA FRIO A BEÇA
E EU SOZINHO NA RUA
PROCURANDO SEM ENCONTRAR

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

RELAXANTE MUSCULAR

         

Estávamos eu e um amigo meu, andando pelas ruas de Copacabana a cerca de dois anos atrás, quando em plena luz do dia, vimos um homem, que não parecia ser um mendigo, caído na calçada. Ao seu lado, de pé, estava uma senhora que aparentemente conhecia aquele homem, pois o mandava levantar, tomar vergonha na cara e ir para casa pois ele tinha mulher e filhos esperando por ele. Era um cidadão comum, pai de família, bêbado, jogado no chão como um saco de lixo. Meu amigo ao ver aquela cena, me perguntou se eu já tinha visto algum maconheiro naquela situação. Pensei rapidamente e como ex usuário de maconha, cheguei a rápida conclusão de que só o álcool ou drogas pesadas como a cocaína ou o crack, podem levar o ser humano a um estado de degradação como aquele. Hoje em dia, estudos médicos comprovam que a maconha pode ajudar no tratamento de algumas enfermidades. Na Holanda, desde novembro de 2004, as farmácias estão autorizadas pelo governo, a vender maconha sob prescrição médica, para o tratamento de doentes com AIDS, câncer, esclerose múltipla e síndrome de tourette (que provoca tiques e movimentos involuntários). No estado da Califórnia, nos Estados Unidos, o seu uso é legalizado para fins medicinais, desde 1996. No Brasil, até o presidente Fernando Henrique já se declarou a favor da descriminalização da maconha e a sua liberação para uso medicinal está sendo estudada. Para mim, a maconha sempre foi um relaxante muscular e nunca a considerei como droga. Com a maconha, eu nunca fiquei violento ou agressivo, como já fiquei algumas vezes, depois de uma noite de bebedeira por exemplo, nem nunca vi ninguém vomitando banheiros, salas ou carros, por ter usado maconha. Particularmente, hoje não uso mais, primeiro porque o cheiro as vezes me dá náuseas, depois porque a sua comercialização está infelizmente, diretamente ligada ao cartel do tráfico de drogas pesadas, e comprar maconha na boca seria o mesmo que colaborar com tráfico e as suas inúmeras conseqüências. Por outro lado, descriminalizar o uso da maconha e liberar o seu uso, ainda que para fins medicinais apenas, não afetaria o caixa das bocas, pois em relação às outras drogas, o preço da maconha é infinitamente inferior. Então porque não descriminalizá-la ou legalizar o seu uso para fins medicinais? Vai usar quem quer e quem precisar usar, e certamente não vamos ver campanhas do tipo, “se fumar maconha não dirija”, ou “a maconha tem milhares de substâncias tóxicas” como o cigarro por exemplo, que causa inúmeras doenças crônicas e fatais. Mesmo não usando mais, continuo convicto de que maconha não é droga, é relaxante muscular.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

HOMOFOBIA NÃO! (parte 2)


Ainda tocado com o ocorrido no Metrô do Rio de janeiro no último sábado, consegui com o companheiro ambientalista Paulo Rocha, o endereço do site em que podemos não só votar contra a homofobia, como também, podemos fazer chegar aos 81 senadores o nosso apoio ao projeto de lei (PLC 122/06), que propõe a criminalização da homofobia.
Participem, votem, envie para os amigos. A união faz a força.

domingo, 24 de janeiro de 2010

HOMOFOBIA NÃO!


          Ontem, no metrô do Rio de janeiro, em um dos vagões no sentido zona sul, a altura de Copacabana, presenciei a seguinte cena: Uma mulher se dizendo estar grávida, acompanhada da sua filha, uma criança de pelo menos oito anos, começou a agredir verbalmente a um rapaz, por ele não ter cedido o lugar para ela. Alegando estar grávida, ela teve um ataque de homofobia, desfiando todo o repertório de adjetivos pejorativos destinados aos homossexuais do sexo masculino. O rapaz que estava bem vestido e tinha a aparência e atitude bastante masculina, escutava incrédulo os impropérios mais baixos e sujos, capazes de sair apenas da mente e da boca dos desqualificados como aquela senhora, que para dizer o mínimo, teve um comportamento das mais baixas e pobres criaturas, oriundas dos subterrâneos da humanidade, embora estivesse igualmente bem vestida, fosse jovem e tivesse até alguma beleza no rosto, pois a alma daquela mulher, inflada de um ódio pela vida alheia, era de uma horripilante feiúra. Como o rapaz demorou a reagir, reagimos nós, os outros passageiros, pedindo que ela se calasse, que respeitasse a sua filha e as outras pessoas no vagão, entre elas crianças, senhores e senhoras de idade e até turistas estrangeiros. Ameaçamos que ela poderia ser presa por homofobia. Foi quando ela, se sentindo acuada, se calou, pediu desculpas e colocou o seu rabo demoníaco entre as pernas. Mas já era tarde. Na minha estação de destino eu desci e deixei revoltado, o trem seguir viagem, com as pessoas daquele vagão ainda indignadas e esbravejando contra aquele vestígio de ser humano, que infelizmente vai colocar um outro ser no mundo, sabe-se lá de que pai. A sociedade brasileira e mundial, já está cansada desses desmandos. Temos que dar um basta a homofobia, como fizemos ontem, cidadãos cariocas de todos os lugares do mundo, no metrô do Rio de janeiro, uma cidade que recentemente foi eleita como a cidade mais feliz do mundo e como o melhor destino gay no planeta, batendo cidades como Sidney na Austrália e Nova Iorque, nos Estados Unidos. HOMOFOBIA NÃO!




quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

SAUDAÇÕES ECOLÓGICAS

          Era uma tarde de sol primaveril, quando milhares de sonhadores abraçaram a lagoa Rodrigo de Freitas, coração da cidade do Rio de janeiro, para apoiar a candidatura do Fernando Gabeira ao governo do estado. O ano era 1986 e lá se vão 24 anos. Naquele ano, pouco se falava ou se sabia a respeito do partido verde. A causa ambientalista era um problema de poucos. O maior medo era o buraco na camada de ozônio, que estava crescendo a cada dia. Naquele ano fizemos passeatas na Avenida Rio Branco, comícios na Cinelândia, fomos chamados de loucos, maconheiros, bichas e desocupados. Naquele ano, o partido dos trabalhadores, hoje no comando do país, ainda andava de mãos dadas com a então pouco conhecida causa ecológica. E o Gabeira chegou em terceiro lugar, com mais de quinhentos mil votos, conseguidos sem absolutamente nenhuma grana, apenas com o barulho que nós, os loucos, bichas, maconheiros e desocupados, como fomos chamados, fizemos nas ruas do Rio. Lá se vão 24 anos, quase duas décadas e meia depois, o mundo virou de cabeça para baixo, a população mundial quase dobrou, e o buraco na camada de ozônio então, nem se fala. Nessas duas décadas e meia assistimos quase que passivamente, a temperatura do planeta aumentar a cada dia, devido principalmente à emissão de gases poluentes na atmosfera, produzidos pela multiplicação desenfreada das indústrias ao redor do mundo, e pelo desmatamento das nossas florestas, impulsionado pelo descontrole ganancioso do ser humano, em busca do progresso e do possível bem estar, que este progresso descontrolado poderia trazer à população. Duas décadas e meia depois, vemos que o resultado desse progresso foi o bem estar das contas bancárias dos poderosos, que poluíram e desmataram o nosso planeta e que estão se lixando para a população. Duas décadas e meia depois, estamos vendo a cada dia que passa, mais e mais catástrofes ambientais acontecendo. Terremotos, tempestades, nevascas, tufões, furacões, que vão interrompendo sonhos, ceifando milhares e milhares de vidas, causando uma destruição, que em muitos casos, levará anos para ser reparada. O planeta está dando o seu grito de alerta, e a sua resposta. Causa e efeito.
          Em 1986 fiz o meu trabalho voluntário, abracei a Lagoa, fui às passeatas e aos comícios, e o pouco que eu sabia, tentava passar para aqueles que eu tinha certeza, de que não sabiam sequer o significado da palavra ecologia, motoristas de ônibus e de taxi, porteiros de prédios, ambulantes, empregadas domésticas, gente do povo. Fiz aquele trabalho intuitivamente, tentando plantar a sementinha verde. Desses 24 anos, os últimos oito anos, eu fiquei fora do país, indo e vindo, e me afastei do campo de batalha, mas não do combate. Andei pelo mundo, trabalhando com a minha música, e pude ver de perto que o mal que nos aflige aqui, aflige a todos. No dia 05 de outubro de 2008, desembarquei no Rio a tempo de votar no meu candidato de sempre, o Fernando Gabeira, para prefeito do Rio de janeiro. Quase ganhamos. Pude ver com alegria, ao sair do portão de desembarque, as garotas que trabalham nos pontos de taxi do aeroporto, vibrando e fazendo abertamente, campanha para o candidato verde. O povo não é bobo nem se deixa enganar facilmente. “A semente deu frutos e se multiplicou”, pensei comigo em silêncio e feliz. Hoje estou oficialmente filiado ao partido, assumo a militância, apoiando incondicionalmente não só o partido, mas como também os seus candidatos, como sempre fiz, mesmo a distancia, porque entendo que a luta pela preservação do meio ambiente, é a única saída para a melhoria da qualidade de vida do planeta. Saudações ecológicas.



terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DE PAU A PIQUE

FEITO DE PAU A PIQUE
O BARRACO ROLAVA
POR QUALQUER MOTIVO
TEMPO BOM
TEMPO NUBLADO
BRISA
VENTANIA
CHUVA
CHUVISCO
TEMPORAL
CONTAS EM DIA
E AS ATRASADAS ENTÃO...
LOGO COMEÇAVA A GRITARIA
E O TEMPO FECHAVA
SEM DAR O MENOR SINAL
DE REPENTE
-VOCÊ É ISSO
-VOCÊ É AQUILO
-VOCÊ FEZ ISSO
-VOCÊ FEZ ISSO E MAIS AQUILO
-VOCÊ É
-VOCÊ FEZ
-VOCÊ NÃO VALE NADA!
TUDO ASSIM POR NADA
SEM A MENOR RAZÃO.
FEITO DE PAU A PIQUE
O BARRACO DAVA UM XILIQUE
E JOGAVA O AMOR NO CHÃO

domingo, 17 de janeiro de 2010

O FARDO DO POETA

CANTO MELHOR
QUANDO ESTOU TRISTE
ALMA DE FADISTA
CORAÇÃO DE AMÁLIA
OLHOS DE SAUDADE
E O DEDO EM RISTE.

NESSES MOMENTOS
MEU CANTO FAZ A FESTA
OLHOS CERRADOS
E O CORAÇÃO QUEIMANDO
DEIXANDO QUE AS NOTAS
EMBALEM O FARDO DO POETA.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

"PENSE NO HAITI, REZE PELO HAITI"

          Por que o Haiti? que em inglês se pronuncia "rêiti", cuja sonoridade lembra a palavra, hate, que traduzindo para o português significa ódio. Por que a natureza divina, ou seria satânica, uma vez que o voodoo é a religião mais popular do país, odeia tanto aquela faixa de terra da ilha de Hispaniola, um dos primeiros pontos da América, a serem colonizados por Cristovão Colombo, quando este por ali chegou. Porque? Se a mesma ilha abriga a próspera República Dominicana, enquanto que o Haiti é o país mais pobre das américas e é um dos mais pobres do mundo. Por que o Haiti? Ex colonia francesa que há séculos sobrevive não só às interpéries da natureza, como também aos desmandos de seus governantes e ditadores. Um país miserável, cujo povo musical e simpático tem os olhos grandes e tristes, e que eu tive a oportunidade de visitar algumas vezes, quando trabalhava como músico, nos navios de cruzeiro da Royal Caribbean. A Royal comprou um pedaço de terra em Labadee, a duas horas de carro da capital Porto Princípe e ali montou o seu circo, um balneário para que os passageiros se divertissem, pensando estar em um paraíso caribenho. Ali ficávamos algumas horas desfrutando daquele mar lindo e das muitas atividades esportivas organizadas pela empresa. Ali escutávamos a música mágica do lugar, assistíamos a shows folclóricos, comprávamos o artesanato local e íamos embora no final do dia felizes da vida, deixando para trás aqueles olhares tristes de quem vive na miséria todos os dias. Ali eu conheci Papi, um artista local que fazia acrobacia e que era apaixonado pelo Brasil, como quase todos os haitianos. Uma vez Papi me convidou para ir a Porto Princípe, para ver a miséria mais de perto, mas o tempo era curto. Ele tinha que ganhar uns trocados para sustentar a sua família, fazendo as suas espetaculares piruetas, e sempre terminavámos adiando a visita a capital. Mas a miséria estava logo ali, atrás da cerca que circundava o balneário, longe dos olhos dos turistas. Ali já se podia ver as casas miseráveis, o povo pedindo esmola, agarrado à cerca fortemente guardada pela polícia local. Estará Papi vivo agora? Estarão vivos os familiares do Pierre? Um oficial haitiano que vive em Miami, e que me levou até o aeroporto quando eu tive que voltar ao Brasil, depois de ter sido operado de apendicite. Estarão vivos os familiares do Dr. Maurice, médico haitiano que me examinou em Miami logo após a cirurgia? Ele me contou que os haitianos amam tanto o Brasil, que dois deles cometeram suicídio quando o Brasil  foi eliminado  da copa de 2006 pela França, país que eles odeiam, por questões óbvias, apesar de terem herdado a bela língua do seu antigo colonizador e opressor. A minha experiência com os hatianos eu menciono em um trecho de "Jaime, o marinheiro", romance que escrevi a bordo de um dos navios, contando como é a vida em um navio de cruzeiro e que eu transcrevo a seguir, rezando pelo Haiti, pensando no Haiti.

Trecho do romance "Jaime, o marinheiro"

          Chovia em Miami, quando um funcionário da America Safety, passou no hotel para me levar para fazer a imigração e de lá para o aeroporto. Ele era um haitiano alto e magro, que me confirmou a história dos suicídios que os seus compatriotas cometeram, quando a seleção brasileira foi eliminada da copa do mundo da Alemanha. O Haiti é um país paupérrimo, que foi colônia francesa e que vive em constante estado de sítio, e o exército brasileiro, foi mandado para lá pelas nações unidas, como uma força de paz, para tentar manter a ordem e a estabilidade política no país. Os brasileiros certamente levaram não só a paz, como também a nossa simpatia e solidariedade, que conquistou de imediato o coração do povo haitiano, daí a sua paixão desmedida pelo Brasil.
          A Royal Caribbean, comprou um pedaço de terra no Haiti, chamado Labadee, e ali implantou uma espécie de balneário privado, onde os navios da Companhia costumam parar, para diversão de passageiros e tripulantes. Além dos limites daquele balneário, não podemos passar. Do outro lado está a miséria e a fome, e isso não interessa nem aos passageiros nem a nós tripulantes ver. Eu havia estado em Labadee algumas vezes e fomos conversando sobre o Haiti e o Brasil até o aeroporto, eu e o Pierre, o oficial haitiano que me escoltou até o balcão do check in da American airlines, para se certificar de que eu realmente iria deixar o país.


Eu também fiz o meu vooduzinho...

Essa camisa eu dei ao meu amigo Papi de presente.

                                              Papi se preparando para mais uma acrobacia.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

DEIXEM A XOXOTA CAIR NO CHÃO

No sábado que vem, dia 16, tem a abertura do carnaval de rua do Rio de janeiro na Lapa. Adoro carnaval de rua e o do Rio, a cada ano que passa, cresce mais. O carioca é fanfarrão por natureza e carnaval é a festa do ridículo, da esculhambação, onde tudo é permitido e não há em absoluto, censura. Recentemente estive em Maceió e em uma tarde, passeando pelo centro da cidade, escutei em uma barraca de cachorro quente, o hit nordestino para 2010, o “xoxota no chão”. Não, não era um trocadilho. Segundo a letra, a xoxota literalmente vai ao chão, “limpando o cimento e polindo a cerâmica”. Fiquei com aquilo na cabeça, pensando que ali estava um bom título para um bloco de carnaval, pois se tem uma festa popular que deixa a todos, homens e mulheres, com a xoxota no chão, essa festa é o carnaval. O que mais me diverte é o espírito de crítica e esculhambação que a festa proporciona e aqui eu reservei alguns nomes espetaculares, dos blocos cariocas que vão desfilar pelas ruas da cidade, de norte a sul, de leste a oeste: “os imóveis”, genial, um bloco de Copacabana que não desfila e que deve ser primo irmão do já tradicional “concentra mas não sai”. Os jornalistas criaram o já famoso “imprensa que eu gamo”. Tem o “não mexe que fede” do Leme, que tem o seu similar em Ipanema, o impagável “que merda é essa?”. Tem o “empurra que pega”, o “cachorro cansado”, o ”rola preguiçosa” de Ipanema, que tem o seu similar lá em Vaz lobo, o “rola cansada” e seguindo o mesmo tema da genitália masculina, tem o “encosta que ele cresce”, o “é pequeno mas balança”, o ”virilha de minhoca”, o "ïncha rola" e o “balanço do pinto”. Os de apelo sexual quase explicito são muito bons. Tem o tijucano “já comí pior pagando”, o “chupa mas não baba”, o “se me der eu como”, o “empurra que entra” e o meu favorito, “se não quiser me dar, me empresta”, de Ipanema, esse é muito bom, mesmo por que, como diz a turma lá da Praça seca, “lavou tá novo”. Tem ainda o “assa o pão mas não queima a rosca”, o ”espreme que sai”, o “fogo na cueca” e o bloco do instituto Benjamim Constant, o instituto dos cegos, o genial “beijamim no escuro”. Enfim, tem bloco para todos os gostos e tendências, sem falar nas bandas espalhadas por toda a cidade. Acessem o site da Riotur(www.riodejaneiro-turismo.com.br) escolham o seu bloco, caiam na folia e deixem a xoxota cair no chão. Mas não esqueçam de usar camisinha e se forem beber, deixem o carro em casa e vão a pé, de taxi, de ônibus, de metrô...

domingo, 10 de janeiro de 2010

RECARREGAR

TE CARREGO NO COLO
ABRAÇADO BEM JUNTO AO PEITO
PARA QUE NÃO SINTAS FRIO
OU QUALQUER OUTRA COISA
QUE LHE DESAGRADE


TE CARREGO COMIGO
PARA QUE NÃO ME ESQUEÇAS
PORQUE TE AQUECEREI
NAS NOITES MAIS FRIAS
E NOS FINAIS DE TARDE


TE CARREGO NA VIDA
PORQUE VOCÊ ME RECARREGA
COM O TEU AMOR SEM REGRAS
E ACENDE O MEU DIA
COMO UM SOL QUE ME INVADE


EU TE CARREGO
E VOCÊ ME RECARREGA
NAQUELAS HORAS VAZIAS
DURANTE AS MONOTONIAS
CADA UM FAZENDO A SUA PARTE

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

QUEM AVISA AMIGO É.

          Ano novo, vida nova, esperanças renovadas. Passados oito dias do ano de 2010, os fenômenos metereológicos, intensificados pelo aquecimento global continuam sem dar trégua. Logo na madrugada da virada do ano, a natureza mandou ao mundo todo um aviso de que não está brincando. Só em Angra dos reis, foram 52 vitimas fatais, nos deslizamentos ocorridos na enseada do bananal na Ilha grande e no morro da carioca, centro de Angra. Outras tantas mortes aconteceram também em Juiz de fora e no interior de São Paulo, onde a cidade histórica de São Luis do Paraitinga foi parcialmente destruída. No Rio grande do sul, uma ponte foi arrastada pela força das águas, vitimando várias pessoas que estavam passando por ela naquele instante. Os temporais de janeiro já são quase que uma tradição, mas os do início deste ano, dão mais uma vez, sinais de que a coisa é séria. No resto do mundo a situação não é diferente. Nevascas intensas, jamais vistas anteriormente, castigam países do hemisfério norte, especialmente os maiores poluidores do planeta, a China e os Estados Unidos. O planeta está mandando mais um aviso, e quem avisa amigo é.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

MELQUIOR, BALTASAR E GASPAR

          Hoje é o dia dos santos reis! Já dizia o grande Tim Maia. Reza a lenda que a dois mil e dez anos atrás, tres reis partiram do oriente, guiados por uma estrela, até o local aonde estava anunciado o nascimento do salvador, o rei dos judeus, Jesus. Ofertaram ouro, incenso e mirra ao recém nascido, nascendo assim a tradição de se trocar presentes na noite de natal, ou em algumas regiões do planeta, no dia seis de janeiro, o dia dos santos reis.
          Da minha infância em Salvador na Bahia, guardo as mais alegres lembranças deste dia, quando a festa da Lapinha, bairro tradicional de Salvador, comemora o dia de reis, a partir da meia noite, com ternos , ranchos e populares cantando e dançando a noite toda. Como são reis, a sua simbologia está ligada à boa sorte e a fortuna e é costume se fazer várias simpatias neste dia para atrair prosperidade.
          Há mais de vinte anos, conheci o Augusto Machado, que era amigo de um amigo meu, e do qual nunca mais tive noticias. O Augusto é daquelas pessoas iluminadas, que passam pelas nossas vidas para nos ensinar coisas boas. Dentre as muitas delicadezas que guardei dele, uma pode ser simplória, mas guardo e repito religiosamente todos os anos, e como me foi dada de graça, repasso aqui para que sejam felizes como o Augusto com certeza é.
          Eu vivia numa pindaíba de dar dó, morando de favor na casa de amigos, fazendo contas para fechar o mes no azul. Aí o Augusto, em um dia de reis, me ensinou uma simpatia, dizendo que desde que ele começou a fazer a tal simpatia nunca mais ele tinha passado apêrto. E ela consiste no seguinte: pegue uma romã, parta ao meio, retire tres sementes, encha uma taça com vinho branco, e de posse das tres sementes e da taça de vinho suba em uma cadeira ( não ria que a coisa é séria). Chupe uma semente de cada vez, guarde o caroço e tome um gole do vinho dizendo com fé, "Melquior, Baltasar e Gaspar, tragam o meu dinheiro para cá", e bata tres vezes no bolso da calça ou saia que estiver usando, depois dê tres pulos ( a cadeira tem que ser forte e resistente ), depois de fazer issso tres vezes, guarde os tres caroços da romã em um papel virgem, branco, na sua carteira. No ano seguinte, coloque, os tres caroços numa planta, mato ou jardim e repita tudo de novo.
           Pelo sim pelo não, mal não faz e desde então, assim como o Augusto Machado, eu sempre paguei as minhas contas em dia, viajei o mundo todo, comprei minha casa própria e etc, etc. Feliz dia de reis para todos vocês.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

SUBINDO A RIO BRANCO.

          O ano exatamente não me lembro, o que eu me lembro é que estavámos no início dos anos oitenta, quando eu subi a Avenida Rio branco pela primeira vez, centro do Rio de janeiro, no sentido Candelária/Cinelândia. Naquele dia eu me senti um garoto do interior, perdido, feliz e deslumbrado no meio daquela selva de pedra, cheia de gente de todas as cores. No meio daquele vai e vem eu resolvi fazer um samba, um samba de amor ao Rio. Passado algum tempo, decidido a ser cantor e sem conhecer ninguém que me pudesse abrir as portas, descobri que havia um bar no bairro de Botafogo, o Beco da pimenta, que tinha este nome para homenagear a pimentinha Elis Regina, e que todas as segundas, promovia uma espécie de show de calouros, cujo premio para o vencedor da noite, era fazer uma temporada de shows naquela casa noturna, que na época gozava de um certo prestígio. Peguei o meu violão e apareci no bar disposto a ganhar. Não havia jurados. a escolha era feita através do "palmômetro", ou seja, o público elegia o vencedor da noite através dos aplausos e como quase todos os concorrentes eram da cidade, as torcidas adversárias eram fortes, pois os outros candidatos a artista levavam os parentes, amigos e aderentes para torcer por eles. Eu não conhecia praticamente ninguém no Rio, então levei o Celino, um amigo baiano que dividia um apartamento comigo na época. Mas o bom carioca não resiste a um bom samba, e o meu era bom e se derramava de amores pela cidade. Dobrei as torcidas adversárias, ganhei o premio e de lá prá cá não parei mais de cantar de bar em bar por esse mundo de meu Deus. A letra de Subindo a Rio Branco reproduzo aqui, com saudade de um tempo em que não havia celular, internet, bailes funk e o Rio de janeiro ainda era uma cidade, por assim dizer, pacata, em pleno anos oitenta.



SUBINDO A RIO BRANCO
LETRA E MÚSICA DE RICCO DUARTE


DA CANDELÁRIA A CINELÂNDIA
VOCÊ JÁ VIU COMO É BONITO
ENXERGAR O AZUL DO CÉU?
UM FORMIGUEIRO
FUMAÇOLÂNDIA
ONDE TODO BRASILEIRO
VESTE UM TOM PASTEL
NO CORRE CORRE
DESSA FOLIA
VAI A NOITE VEM O DIA
E TODO MUNDO QUER SAMBAR
POIS O RIO É DE JANEIRO
CORRE O ANO INTEIRO            
E SE PODE NAVEGAR.
SUBINDO A RIO BRANCO ASSIM
EU CHEGO MAIS PERTO DO MAR
SONHANDO EM PODER CONSEGUIR
CHEGAR NO ALTO DA GLÓRIA.

domingo, 3 de janeiro de 2010

PALAVRAS DE AMOR.

        

                                                 A família querida, reunida na virada do ano


           De volta ao Rio de janeiro, a cidade maravilhosa, depois de passar dias maravilhosos, com a familia do meu irmão em Maceió, onde sobrinhos, cunhada e irmão, são muito mais que parentes, são os meus amigos verdadeiros e queridos, desejo com o meu coração cheio de saudade e agradecimento, que o mundo inteiro, neste ano que se inicia, diga e escute mais, muito mais, palavras de amor, todos os dias.


A PALAVRA DE AMOR



Palavras são como gotas d’água
A procura da sentença certa.
As vezes a sentença é de morte
E se faz um corte com a faca cega.
Tem palavras que unem o sul e o norte
As que dão voltas
E as que seguem em linha reta.
As palavras gotas de sereno
São as minhas favoritas
Caídas da madrugada
Fugidas de uma possível noite escura
Para dizer que nada
Nada como um dia após o outro
Para descanso da lua
E para os louros de um sol intenso.
Tem as palavras zig zag
De quem dirige bêbado.
As de almanaque
As de prozac
E as de quem dá tiro a esmo.
Mas a palavra de amor é direta
E atinge como uma flecha
O doce coração amado
Mesmo que ele seja velho e desdentado
Mesmo que ele escute pouco
Não enxergue direito
E bata assim distraído
Quase parado
Pensando que não tem mais jeito.
A palavra de amor é a que te salva
A que te estende a mão
Com todos os acentos
Porque a palavra de amor é cachoeira
Um rio que corre infinito
Para os oceanos da eternidade
É palavra que não se parte
Que não chega tarde
Que molha os olhos
Para enxaguar a alma
E assim permanecer inteira
Liberta!
Portas e janelas
Apontando para o horizonte
Pois a palavra de amor é fonte
De uma nascente que nunca seca.